Em 17 de Maio, recebemos a visita da antropóloga Vanessa Caldeira que veio nos presentear com sua experiência e seus conhecimentos a cerca dos povos indígenas. Vanessa é especialista em etnologia indígena e ressaltou sermos o primeiro grupo de EJA com quem falará sobre a história e cultura indígena.
Segundo Vanessa, a sociedade não olha para a história do índio, pois fomos nós que massacramos a cultura indígena por meio da “desindianização”, termo citado por ela, onde os principais pilares eram: a escola (ensinar a falar), igreja (dar uma crença), trabalho (agricultura), os aldeiamentos (misturas de tribos) e os casamentos (brancos e índios) onde os filhos eram considerados brancos.
Nossa formadora nos trouxe também vários fatos históricos que reforçam ainda mais o descaso pelos povos indígenas e suas culturas. Destacamos aqui alguns deles:
· As políticas de Estado para tirar as terras dos indígenas começaram em 1500;
· Em 1853 foi elaborado o primeiro manual de História Geral Brasileira que trazia o índio embranquecido, cristianizado e homogeneizado;
· Antes da constituição de 1988 os indígenas não podiam dizer que eram indígenas.
· Somente no Censo de 2010 os indígenas puderam se autodeclarar.
Muitas foram as reflexões levantadas nesse encontro de JEIF, principalmente com relação a descolonização do nosso currículo eurocêntrico, que nos faz enxergar e ensinar apenas uma matriz, a europeia, deixando no escuro esses povos que ainda hoje lutam para serem ouvidos, valorizados, reconhecidos. As comunidades indígenas realizam trabalhos de conscientização e valorização de sua cultura e agem junto aos governos pela demarcação de suas terras.
Ainda fazendo uso de recursos audiovisuais, Vanessa trouxe a fala do indígena Edson Caiapó e um power point contento imagens e gravuras que trazem a visão romântica e estereotipada dos povos indígenas, como pacíficos, felizes com a colonização; e dados estatísticos segundo o IBGE e o Censo de 2010, onde quase 900 mil pessoas se autodeclararam indígenas. No Brasil temos 305 etnias falando mais de 200 idiomas diferentes. São Paulo é o sétimo Estado brasileiro com maior população indígena e a Capital o quarto município. Para comprovar essa informação, Vanessa pediu que cada um de nós sorteássemos um papel com o nome de uma etnias indígena e ao final nos disse que todos ficavam em São Paulo.
Ainda falando sobre os povos do município de São Paulo, deu ênfase ao povo Pankararu, que veio de Pernambuco e se manteve unido, vivendo hoje no Real Parque, no Morumbi, zona Sul. Eles fundaram o SOS Pankararu que se preocupa com a defesa dos índios e a preservação de sua língua e cultura, contando também com um sistema de saúde diferenciado, segundo Vanessa.
Enfim, foi uma tarde muito prazerosa e rica em informação. Agora devemos deixar que as transformações aconteçam a partir de cada um de nós e não nos livros didáticos, como ressaltou nossa formadora de hoje. “Fica na memória o que significa”.
Professoras Conceição e Gislene
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