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quinta-feira, 18 de maio de 2017

CRÔNICA DO EMPREGO APOIADO

Crônica do Empregado Apoiado no CIEJA por Marcos Eça

Manhã friorenta de uma quinta-feira. 18 de maio de 2017. 
Em uma reunião da SME nos haviam informado de uma possível parceria com a APAE sobre a possibilidade de alunos com deficiência intelectual - DI - poderem ser encaminhados ao mercado de trabalho por meio de uma parceria APAE e escola, conhecida como EMPREGO APOIADO.
Nessa manhã friorenta - mencionada acima - havia vários pais, mães, responsáveis dos alunos com deficiência no auditório do CIEJA para uma reunião com a amável e esclarecedora Márcia Pessoa (funcionária da APAE).
Márcia nos contou que o emprego apoiado é uma proposta de inclusão profissional que já conseguiu incluir mais de 3000 mil jovens e adultos com deficiência intelectual no mercado de trabalho. No ano passado foram cerca de 450 pessoas. Nesse momento, nossos olhos brilharam de entusiasmo como também de muitos dos presentes. Olhos brilhantes e sonhos são importantes para quem é educadora/educador. 
Márcia nos explicou que qualquer pessoa com DI poderá participar do emprego apoiado desde que deseje, tenha vontade. Lembrou que a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho surgiu após a Segunda Guerra Mundial devido às diversas pessoas que foram mutiladas.
A manhã foi esquentando a medida que Márcia nos explicou que quem pode participar do emprego apoiado será capacitado na própria empresa e que mesmo quem não é alfabético poderá participar pois pode tirar um xerox, entregar correspondências e nos narrou uma linda experiência que tentarei resgatar em minha memória...

"Em uma empresa trabalhava uma pessoa que tinha muita dificuldade de entregar as correspondências e esta era sua função. A partir dessa 'dificuldade' a empresa decidiu identificar cada setor com uma cor e cada correspondência tinha o envelope da cor do setor para onde seria encaminhada. A partir dessa simples mudança, essa pessoa com deficiência se tornou um exímio 'carteiro' nessa empresa. Isso é inclusão, ou seja, valorizarmos as potencialidades das pessoas com deficiência e tornar sua aprendizagem concreta por meio de cores, símbolos, figuras... Tanto a empresa muda seu olhar, como as pessoas com deficiência."
  
Em sua explicação, Márcia deixou claro que as empresas analisam a função compatível para cada aluno e desenvolve um processo de capacitação que é acompanhado pela equipe da APAE de 15 em 15 dias ou, pelo menos, 1 vez por mês.

Frisou que o mais importante é a pessoa com deficiência querer trabalhar e ter o apoio da família, especialmente em relação à locomoção. Mas apontou que sempre tentam conseguir um emprego na região onde a pessoa reside, como também tenta empregar o aluno em empresas que disponibilizem ônibus fretado, sempre que possível. 

Lembrou que das pessoas que decidem participar do emprego apoiado pelo menos 92% aderem ao programa e adquirem cada vez maior autonomia.

Frisou que a família tem de dar apoio porque há regras nas empresas, por exemplo: horário a seguir, uso de uniformes e que avaliam 32 competências dos que participam do projeto.

De forma geral, as pessoas com deficiência seguem regras muito bem. Por essa razão, executam uma atividade com maestria nas mais variadas empresas.

A grande dúvida levantada foi em relação ao BPC (Benefício de Prestação Continuada). Explicou que se o aluno quiser poderá fazer parte do projeto por 1 ou 2 anos como aprendiz e nesse caso trabalhará 4 horas, recebendo um salário proporcional as horas trabalhadas e seu benefício. Após os 2 anos, o aluno continuando a trabalhar entrará na categoria CLT e terá de trabalhar 8 horas e aumento salarial. Nesse momento, a família é a responsável por ir ao INSS para suspenderem o benefício. Caso o aluno deixe de trabalhar por alguma razão, o benefício poderá ser resgatado após a tramitação legal. Disponibilizou a lista de documentos para quem deseje participar efetivamente da parceria e a partir da análise do perfil dos alunos poderão trabalhar em uma das seguintes empresas: MC Donald's, Supermercado Roldão, Grupo Pão de Açúcar, Casas Bahia, Ponto Frio, Aché, Serveng, Natura e outras empresas.
Tudo isso a partir da lei de quotas que obriga as empresas com mais de 100 funcionários a contratarem pessoas com deficiência.

Lista de documentos entregues, ficha cadastral da APAE também entregue e próxima reunião (roda de conversa) marcada para o dia 01 de junho de 2017 às 10:30 no auditório do CIEJA Vila Maria.

Nos veremos lá. Termino essa crônica com a imagem de uma irmã de uma aluna chorando de emoção e dizendo "eu tenho medo..." Apenas lhe disse: pássaros são feitos para voar, confiem e acreditem nas filhas, filhos, irmãs, irmãos, parentes de vocês e permitam que tentem esse voo porque podem ir muito mais longe do que jamais pudermos sonhar. Sonho é fundamental para quem é educadora/educador como sempre disse nosso pirotécnico Raul Seixas:
Sonho que se sonha só
É só um sonho que sonho só
Mas sonho que se sonha junto é realidade.

Acompanhem abaixo alguns momentos de nossa reunião.









Marcos Eça

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